Conheçam os medalhistas candangos no Concurso Nacional – 2016

Conheçam os medalhistas candangos no Concurso Nacional – 2016
22/07/2016 Diretoria

A Acerva Candanga brilhou no Concurso Nacional das Acervas, que aconteceu durante o Encontro Nacional das Acervas, no Rio de Janeiro. Foram cinco medalhas, sendo três de bronze, uma de prata e uma ouro. Neste ano AcervA Candanga mandou 28 inscrições, um recorde! E como se não bastasse, tivemos a maior média de medalhas por inscrição. Logo abaixo você vai conhecer um pouco sobre esses cervejeiros e suas brejas premiadas.

Erivaldo Casado e José Marcelo Carvalho

Equinox Blonde Ale (ouro)

A dupla ganhou medalha de ouro no concurso com uma American Blond Ale, batizada de Equinox Blonde Ale. Casado é associado da ACervA desde setembro de 2014 e Marcelo, desde agosto de 2015. A escolha do estilo foi casual, segundo Casado. Já Marcelo, disse que a dupla estava fazendo muitas IPAs e resolveram mudar o estilo.

Ele explicou que a ideia era ter uma cerveja com boa drinkability, com uma pegada mais cítrica, mas bem equilibrada. De acordo com Casado, a Equinox é uma cerveja simples, leve e fácil de beber. “A intenção era fazer uma cerveja menos agressiva que uma IPA, com equilíbrio entre malte e lúpulo, que fosse refrescante e agradasse quem não está acostumado com cervejas mais intensas”.

E o que essa medalha de ouro significou para a dupla?!

Casado: Ter uma cerveja medalhista em um concurso é motivo de muito orgulho, e mais que isso, é um reconhecimento do trabalho bem feito. Isso faz valer o tempo gasto com estudo e todo investimento no hobby.

Marcelo: É uma responsabilidade grande, pois todos cobram que seja sempre uma excelente cerveja, mesmo aqueles que nunca beberam uma cerveja que eu fiz. Não dá para descuidar da qualidade, mas continuo focado em fazer cervejas que me agradem.

Agora, como surge uma cerveja medalha de ouro? Marcelo e Casado disseram que a ideia inicial era usar lúpulo Citra, ele estava em falta. Então a dupla resolveu usar o Equinox, que nunca tinham usado antes. “Por sorte, ele se saiu muito bem, contribuindo com uma pegada de uvas verdes bem intensa. Adaptação faz parte da vida de todo cervejeiro caseiro!”, disse Casado.

Já Marcelo, ficou surpreso com o resultado do Equinox. “Uma semana depois de engarrafada, levei para o curso de Off flavours ministrado pelo Carlos Vitor Miller e tive a agradável surpresa do aroma do lúpulo Equinox, apesar de não estar bem carbonatada.”

Outra coisa que eles fizeram diferente foi moer os grãos na hora da brassagem. A dupla sempre comprava o malte moído um dia antes da brassagem.

E quem quiser fazer a receita de ouro em casa, está aqui:

Para 20L:

Malte:
– Maris Otter – 92%
– Carapils – 4%
– Caraamber – 2%
– Caramunich – 2%

Lúpulos:
– Equinox – FWH – 5g
– Equinox – 30 min – 7g
– Equinox – 10 min – 10g
– Equinox – 05 min – 15g
– Equinox – 00 min – 13g

Fermento: American Ale bem neutro como WLP001, Artisan Apache, Bio4, US-05…
Brassagem a 67ºC

Morris Scherer-Warren e Tatiana Rotolo

Jabuticaba Sour (prata) e Flanders Red (bronze)

Morris_TatiMorris Scherer-Warren ganhou medalha de bronze com uma flanders red (categoria de sours europeias) e de prata em parceria com Tatiana Rotolo, com uma cerveja de jabuticaba com fermentação mista (Wild Specialty Beer).

Morris e Tati são sócios fundadores da ACervA Candanga e fazem cerveja há sete anos. Morris explicou que as duas cervejas premiadas estão na categoria de acidificadas, que tem baixo PH. Ele fez questão de enfatizar que elas não são necessariamente azedas pois as duas brejas são secas no paladar, com um pouco de açúcar residual e acidez suave.

Para Morris as duas medalhas, de prata e bronze, significam ouro. “Ganhar uma medalha no Nacional, desculpe a palavra, é foda! O nível do concurso é muito alto, cervejeiros do Brasil inteiro estão participando, muita cerveja boa acaba não sendo premiada.”

A ideia de fazer esse tipo de cerveja surgiu em uma viagem para Londres, quando Morris experimentou uma grand-cru de uma cervejaria da Nova Zelândia chamada de 8Wired. “Pirei! Era uma cerveja altamente complexa, alcoólica, tinha características de vinho, madeira, muita coisa acontecendo dentro do copo…” disse o cervejeiro premiado. “Posso dizer que ‘ela’ foi uma das cervejas mais importantes na minha história cervejeira, mudou minha concepção em relação aos limites!” Depois disso, ele começou a pesquisar sobre o estilo e fazer experiências.

Já a jabuticaba sour surgiu como uma saison (estilo belga da Valônia). Morris disse que na fermentação secundária acabou usando uma lama de outra cerveja que tinha feito em parceria com a Tati, a Dark Sour of the Moon.

“Provei [a lama] e estava interessante, mas faltava alguma coisa. Então pensei em jogar uva fresca. Na época estávamos fazendo um curso em Goiânia (eu, Tati, Drosófila e André) e estava justamente na época da Jabuticaba. A estrada estava cheia de gente vendendo a fruta. Nas conversas no meio da estrada, Tati me convenceu a colocar jabuticaba naquela cerveja do armário.” E foi assim que surgiu a Jabuticaba Sour. Pelo jeito, a ideia deu um bom resultado.

Morris considera que a flanders red ainda é uma cerveja jovem, com 6 meses na época do concurso. “Ela ainda não atingiu totalmente seu potencial. Tenho ainda alguns litros guardados no armário. A jabuticaba ficou 8 meses no armário.”

E como essas belezuras foram feitas? Morris mata a curiosidade!

“Vou contar o segredo das duas cervejas: simplicidade e paciência! Na jabuticaba usamos malte pale e aveia, IBU por volta de 10, fermentação primária com levedura saison e meses de armário com brettanomyces, lactobacilos e pediococcus. Carbonatação bem alta. Na flanders foi vienna, special B e flocos de milho. Fermentação com um blend roeselare da WhiteLabs e meses de armário. Fermento champagne para carbonatar.”

Marcel Castelo Branco, Eduardo Golin e Heitor Heffner

Saison de Alecrim (bronze)

marcelO trio ganhou medalha de bronze com uma Saison / Farmhouse Ale. Marcel disse gostar muito desse estilo e já fez várias brejas desse tipo com condimentos diferentes. Na receita premiada, foi usado o alecrim.

Ele está na AcervA Candanga desde 2012, mas conheceu a associação em 2011.

Um dos guias para a receita foi o livro Farmhouse Ales. “O Eduardo Golin possui o livro Farmhouse Ales. Ele começou a ler e trocar algumas ideias comigo. Acabei pegando o livro emprestado e lendo um pouco sobre a história do estilo. Este livro tem várias dicas interessantes e posso dizer que ele foi um norte para a receita.”, comentou Marcel.

Para ele a premiação foi uma surpresa e uma realização para o trio. “É uma alegria ter uma cerveja reconhecida depois de jogar tanta cerveja azeda pelo ralo ou usar para regar o gramado”, brincou.

Marcel disse que na receita do concurso foi a primeira vez que usou o alecrim numa receita e achou que pegou pesado no condimento. Mas a medida que a cerveja foi maturando, o alecrim entrou em equilibrou com o malte e ficou melhor inserido.

E como se faz uma saison premiada? Marcel responde. “As saisons mais comuns são leves e refrescantes. Essa cerveja foi o oposto disso: encorpada, alcoólica e extremamente condimentada.”

Maltes: pilsen alemão, trigo, melano, chocolate, special B e candy sugar.
Lúpulos: Mittelfrueh e Tettnang (42 IBU).
Especiarias: alecrim, pimenta cumarim e casca de laranja.
Fermento saison 1 bio4. ABV 7.5%

Sindomar Pinto – Dodô

dodoPsycho IPA (bronze)

Dodô, batizado como Sindomar Pinto, ganhou medalha de bronze com uma American IPA. A sua Psycho IPA, já é bem conhecida entre os acervianos e não há quem não goste da breja.

Para ele a premiação mostrou que ele está no caminho certo. “Foi uma alegria saber que estou no caminho certo, tentando fazer o meu melhor dentro do estilo que tanto amo.”

Sindomar é associado da AcervA há 10 meses e faz cerveja há um ano. A Psycho IPA chama atenção pela boa drinkability e o aroma cítrico e amargor intenso muito bem equilibrados. E por que uma IPA? “É o que mais aprecio” disse Dodô.

Ele ressaltou que essa receita do concurso foi a terceira versão. “Essa receita evoluiu da minha primeira brassagem, que ocorreu no dia do meu aniversário de casamento, há quase um ano. Essa que foi para o concurso foi é a versão 3.0”, contou.

E falando em receita, seguem aqui informações valiosas:

Maltes: 85% Pale; 7,5% Carapils; 7,5% Açúcar mascavo.
Lúpulos: 60% citra, 30% simcoe e 10% magnum.

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