Para quem não conhece, o Encontro Nacional das ACervAs é um evento que acontece todo ano, geralmente no mês de junho, durante o feriado de Corpus Christi. Este ano, por causa da Copa, o evento foi em novembro. Desde o primeiro encontro, as ACervAs do Brasil se reúnem para trocar experiências, se conhecer, estudar (sempre tem palestras ótimas), beber cervejas e principalmente participar de um concurso nacional que define as melhores cervejas caseiras daquele ano. Ao fim do encontro acontece uma grande festa, que é das festas de cerveja artesanal que já fui, a melhor delas! São bicas e bicas de cerveja artesanal sem parar. Se o sujeito não tiver muito cuidado, ele fica bêbado daquele jeito de nem conseguir levantar…
Este ano o encontro foi em Salvador. Foi a primeira vez que o Encontro Nacional foi realizado fora do eixo Sul-Sudeste. A ACervA Baiana encampou o desafio e fez um evento sensacional! As palestras estavam muito boas. Os pontos altos foram as palestras do Gary Glass, da American Homebrew Association e do Gordon Strong, presidente do BJCP. Mas teve boas inserções brasileiras, como a do chef Ronaldo Rossi, falando sobre harmonização. A de utilização de frutas na cerveja, que é um assunto que me interessa muito, foi meio frustrante, pois o palestrante, um professor da UEES, falava do ponto de vista de um sujeito que faz cerveja no nível industrial, realidade totalmente diferente do caseiro…
Além das festas, houve também passeios. Um city tour com cerveja artesanal pelos pontos turísticos de Salvador e uma ida à praia do Forte. Eu não fui aos passeios. Como tenho poucas oportunidades de estudar, preferi me concentrar nas palestras. Além disso, choveu pra burro em Salvador nos primeiros dias. Quem foi, se divertiu.
Da ACervA Candanga estávamos eu, o Marquinhos e o Morris (se tinha mais alguém eu não fiquei sabendo…). E cumprimos nosso papel representando o DF. Eu participei da mesa de abertura do evento, eu e Marquinhos fomos na reunião das ACervAs e ele recebeu uma bela homenagem da ACervA Baiana na festa de premiação (porque sair que nem um doido dirigindo de Brasília para Salvador, levando cerveja, equipamento, chopeira, etc e tal, em cima da hora, só para ajudar os amigos baianos, não é para qualquer um!).
A reunião das ACervAs foi produtiva. Para quem não sabe, desde o encontro de Piracicaba, as ACervAs tem discutido a formação de uma associação nacional, chamada ACervA Brasil. O debate sobre isso tem se arrastado há um tempão e pouca coisa produtiva de fato foi feita. Eu, pessoalmente, sou super favorável à formação de uma ACervA nacional, principalmente para dar suporte na realização dos eventos nacionais. Sou da opinião que o modelo da American Homebrew Association é bem legal e merece ser seguido por aqui. Mas é muito difícil juntar todo mundo para conversar e planejar sobre isso. As tentativas até agora não foram muito frutíferas. Da reunião das ACervAs em Salvador, ficou decidido que cada ACervA iria indicar dois nomes para compor um conselho central responsável por encaminhar os debates e propor um formato para a Associação Nacional, que provavelmente será apresentado no próximo Encontro Nacional. Dei meu e-mail como contato provisório para uma lista de e-mails que iria ajudar a montar o conselho. Temos até o dia 12/12/2014 para enviar nossos dois escolhidos. Acho que este debate é importante e a ACervA Candanga não deve ficar de fora.
Durante a festa, bebemos muitas cervejas (umas muito boas, outras nem tanto). Este ano, a premiação foi realizada com base em todos os estilos do BJCP, e no fim, houve as três melhores (the best of show). Segue link para quem quiser conhecer as cervas ganhadoras: http://www.acervabaiana.com.br/resultado-do-ix-concurso-nacional-das-acervas-13436
Nós aqui do DF mantivemos a tradição de praticamente não enviar amostras. Este ano, até onde eu sei, ninguém inscreveu alguma cerveja. Mas temos plenas condições de beliscar uma premiação, pois temos bons cervejeiros aqui.
Ano que vem o encontro volta para junho e será em Porto Alegre. Em 2016, em comemoração aos 10 anos da ACervA Carioca, será no Rio. Saíram indicações para os dois próximos anos, mas elas ainda deverão ser confirmadas: Natal, 2017 e Minas, 2018. Juro que deu vontade de propor Brasília, 2019. Mas nem sei se estarei viva até lá, rsrs.
Saí da Bahia feliz mais uma vez de ter ido ao Encontro (este foi meu terceiro encontro nacional). Voltei para cá animada e com vontade de agitar as panelas. Vontade de montar um grupo de estudos do BJCP, de estudar junto alguns estilos e fazer algumas brassagens coletivas para enviar à Porto Alegre. Enfim, o Encontro é para o caseiro uma experiência singular. E participar do concurso também. Todas as amostras são avaliadas pelos juízes e são encaminhados feedbacks das cervejas. Vale muito a pena ter sua cerveja avaliada. Já enviamos uma cerveja pela ACervA Candanga uma vez. Ela ficou ruim, mas recebemos a avaliação direitinho e foi um bom aprendizado.
Fica a sugestão para o povo se envolver no concurso e participar dos encontros. Sou da opinião que a ACervA existe em função de uma paixão que nos une e mobiliza: a cerveja artesanal! Então estudar, trocar experiências, trabalhar junto e nos reunirmos, são conseqüências naturais desse processo. Já estou reservando as passagens para Porto Alegre!
Pão e cerveja!
Por Tatiana Rotolo.